PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 89)


A LENDA DO ARRAIAL GOIANO QUE FOI
CAPITAL DO IMPÉRIO DO BRASIL POR UM DIA


Os arraiais goianos da época da mineração ostentavam muita riqueza e eram considerados locais de fortuna fabulosa. A decadência se impôs no fim do século XVIII, mas ficou a lembrança e a saudade dos tempos afortunados. Da lembrança e da saudade, surgiram lendas sobre um passado dourado e grandioso. Lendas como a do imperador que pernoitou no arraial de Traíras. Essa ganhou tanta força que passou a ser tratada como acontecimento real na internet e na imprensa.

A lenda diz que o imperador do Brasil, D. Pedro II, passou por Traíras e dormiu em uma das suas belas casas. Mas não há nenhum registro de viagem do imperador à província de Goiás.

Aliás, o reinado de D. Pedro II teve início em 1840, décadas depois da decadência dos arraiais da mineração de Goiás, quando Traíras já havia se tornado uma localidade pequena e pobre, sem condições de recepcionar e hospedar o imperador.

A lenda vai além:

- na passagem de D. Pedro II por Traíras, uma senhora muito rica do local presenteou o imperador com uma penca de bananas feita de ouro.

- o imperador D. Pedro II não só dormiu em Traíras, como também despachou no local, fazendo com que o arraial goiano se convertesse em capital do Império durante um dia.

É tudo lenda, mas vários sites da internet e matérias da imprensa tratam o caso como um fato real.

A mineração produziu riqueza real e palpável, mas também criou uma imagem carregada de emoção daqueles arraiais riquíssimos. Assim surgem lendas como a de Traíras, que chegam ao ponto de serem tratadas como realidade.

Traíras hoje se chama Tupiraçaba e faz parte da cidade de Niquelândia.


Reportagem da Record TV Goiás mostra onde o imperador teria
pernoitado. Diz sobre Traíras: "Tão rica e próspera, atraiu uma das figuras
mais importantes do Brasil na época [D. Pedro II]. E que se hospedou nessa casa".
É lenda.  Link para o vídeo: Vídeo


SAIBA MAIS:
Diccionario Geographico, Historico e Descriptivo do Imperio do Brazil (1845). Tomo II.
vide págs. 718-719.

16.03.2022