PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 88)


AS CINCO GOIANAS QUE
QUERIAM VOTAR EM 1889


Em 1889, cinco mulheres goianas solicitaram a um juiz que o seu direito de votar fosse respeitado. O direito ao voto, naquela época, era garantido aos cidadãos sob certas condições. Eram condições de renda, de situação jurídica, mas nada era dito sobre condições sexuais. A legislação falava em "cidadãos", sem especificar se eram cidadãos de um ou outro sexo.

A solicitação, então, era razoável já para aquela própria época.

Uma das solicitantes era Jacintha Luiza do Couto Brandão Peixoto, mãe de Cora Coralina, que se tornaria anos depois uma escritora conhecida nacionalmente.

As outras quatro eram: Silvina Ermelinda Xavier de Brito, Maria Santa Cruz de Abreu, Bárbara Augusta de Sant'Anna e Virgínia Vieira.

Um jornal apoiou a reivindicação: "O dr. Sebastião Fleury que não faça do sexo condição de idoneidade para o direito de voto". (Jornal Goyaz, 27.09.1889)

Mas o juiz negou o pedido. Defendeu que mulheres casadas sob regime de comunhão de bens estavam sob o poder marital e, portanto, não podiam ser eleitoras livres.

Não foram atendidas daquela vez, mas o interesse e a pressão aumentariam ao longo das décadas seguintes, como previu naquele mesmo ano de 1889 o jornal A Família, do Rio de Janeiro:


Em princípio, nada se conseguirá; mas com resolução e constância chegaremos a obter tudo o que a sociedade nos deve e a lei não consente. (23.11.1889)


Nessa mesma matéria, o jornal carioca cita o caso das cinco goianas.

O voto feminino foi instituído no Brasil 43 anos depois.


"Eleitoras". Notícia no Jornal Goyaz (27.09.1889)
Menos de dois meses depois, seria proclamada a República.


SAIBA MAIS:
Uma poética da emancipação feminina nos sertões goianos (século XIX)
Paulo Brito do Prado (UFF) e Eliane Martins de Freitas (UFG)
Link: Artigo

09.03.2022