O ASSASSINO GANHOU INOCÊNCIA,
MAS O INTELECTUAL FOI REVERENCIADO
Antônio Americano do Brasil foi médico, escritor, jornalista, professor, secretário do governo estadual e chegou a representar o Estado de Goiás na Câmara dos Deputados. Um intelectual respeitado que ganhou do pai um nome carregado de simbolismo e estudou no prestigiado Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro, capital da República à época.
Era gago, mas o pai o treinou para que falasse "alto, compassado e rápido". Deu certo. Tornou-se um grande orador:
O treino foi tão intenso que essa característica o acompanhou por toda vida, fazendo com que se destacasse em sua vida parlamentar (...) e como professor. (Cida Sanches)
Havia passado a sua infância em Bonfim (atual Silvânia), mas em 1927, poucos anos depois de encerrado o seu mandato de deputado federal, decidiu morar em Santa Luzia (atual Luziânia). Ali comprou um sítio, fundou uma Escola Normal e passou a trabalhar como professor, médico e advogado.
Eis que, em 1932, Americano do Brasil morreu tragicamente, assassinado por um desafeto. O assassino chamava-se Aldovandro Gonçalves e havia sido acusado de desvirginar uma moça. Ele negava a acusação e temia que Americano do Brasil fosse chamado a fazer, como perito, um exame de virgindade na jovem. Imaginava que o médico se aproveitaria dessa oportunidade para incriminá-lo. O exame nem seria realizado, segundo disse o promotor de justiça ao próprio Aldovandro. Mesmo assim, o sujeito continuava a suspeitar das intenções do médico e intelectual que era seu inimigo. Assim, dirigiu-se transtornado ao sítio de Americano e, chegando lá, assassinou-o com cinco tiros. Dizia-se em Santa Luzia que os dois eram apaixonados por uma mesma moça, chamada Nila, e por isso rivalizavam ferrenhamente.
Aldovandro Gonçalves ficou preso menos de um ano e, em seu julgamento, foi absolvido.
O assassino ganhou inocência, mas Americano do Brasil foi reverenciado. Recebeu diversas homenagens nas décadas seguintes e atualmente há, no Estado de Goiás, até uma pequena cidade com o seu nome.
Antônio Americano do Brasil (1892-1932)
Patrono da cadeira 33 do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG)
SAIBA MAIS:
O covarde assassinato de Americano do Brasil
Cida Sanches (Academia de Letras, Arte e História de Silvânia)
Revista do IHGG, n. 31 (2020) . Link: Revista
23.02.2022