PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 84)


UMA CAMPANHA PARA MELHORAR
A IMAGEM DE GOIÂNIA EM 1987


Uma das consequências do acidente radioativo de césio 137 em Goiânia, no ano de 1987, foi o temor de que tudo e todos com origem na capital goiana pudessem estar contaminados e, além disso, pudessem espalhar radiação. Esse foi um temor que surgiu fora de Goiânia, mas até na própria cidade houve algo parecido. Quando a menina Leide das Neves, vítima da contaminação por césio 137, foi sepultada no Cemitério Parque, de Goiânia, seu caixão foi apedrejado por pessoas que não aceitavam aquele enterro ali. Achavam que o solo podia ser contaminado.

Fora de Goiânia, falou-se até na possibilidade de que produtos goianos, como o arroz, estivessem contaminados. Portanto, era melhor não comprá-lo. Saber disso era péssimo para a autoestima dos habitantes de Goiás, é claro.

Goiânia reagiu. Houve um esforço da cidade para recuperar a sua imagem e desfazer a ideia de que seus produtos e seus habitantes eram um perigo para a saúde alheia. No Estádio Olímpico, onde parte da população goianiense passou por triagem para medir os níveis de radiação, os técnicos da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) disputaram uma partida de futebol. O objetivo era mostrar que não havia qualquer perigo ao transitar por aquela região da cidade.

A campanha pela reabilitação da cidade de Goiânia teve o seu auge com o vídeo e a música Eu amo Goiânia, produzidos pela TBC. A letra da música, curtíssima, foi composta pelo conhecido artista Moacyr Franco e o vídeo foi transmitido em outros Estados do país. Esses eram os versos da canção:

Eu amo Goiânia
Goiânia me ama
Eu amo Goiânia
E você?

Eu amo Goiânia
Goiânia que encanta
Eu amo Goiânia
E você?


Em 1987, técnicos da CNEN tinham a frase
Eu amo Goiânia estampada em suas vestes de trabalho.


SAIBA MAIS:
Acidente radiológico em Goiânia: um estudo de caso sobre o vídeo institucional da campanha "Eu amo Goiânia"
Carolina Carreiro Alvim (FEMA)

09.02.2022