PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 37)


O TIRO DO NEGO CARREIRO
E A "GUERRA DO FORMOSO"


A revolta de Trombas e Formoso (1954-1962) foi mais um conflito decorrente da luta pela terra que marcou o século XX no Brasil. De um lado, os posseiros, que se fixaram em uma região próxima a Uruaçu e Porangatu. De outro, os grileiros, que contavam com aliados poderosos. A cobrança do arrendo era o que provocava maior tensão. Os grileiros, com documentos fraudados, se diziam proprietários das terras e chegavam a cobrar 30% da produção dos posseiros, que ficavam cada vez mais indignados e se preparavam para reagir.

Em 1955, um posseiro conhecido como Nego Carreiro decidiu que não pagaria mais o arrendo e disse isso ao próprio grileiro que lhe fazia a cobrança pessoalmente. Um policial, então, tentou prendê-lo. O posseiro o matou com um tiro na testa. Esse fato foi o estopim para que a revolta se generalizasse pela região.

Jornalistas do Rio de Janeiro se interessaram pelo conflito. Diziam que na região onde seria erguida Brasília, a nova capital federal, policiais e sertanejos matavam-se cotidianamente: Muito sangue já correu, e muito sangue poderá correr na "guerra do Formoso", noticiou a revista O Cruzeiro.

No governo de Mauro Borges, as reivindicações dos posseiros foram atendidas. Títulos de propriedade foram entregues para as famílias que ocupavam as terras e trabalhavam na lavoura. Mauro Borges foi recebido festivamente em Trombas e Formoso no ano de 1962. Os lavradores, naquele conflito, foram vitoriosos. Uma vitória que se transformou em símbolo para vários movimentos de luta camponesa.


José Porfírio, o líder dos posseiros, acompanhado do seu "Estado-Maior",
segundo a reportagem da revista O Cruzeiro (edição de 14.04.1956).


SAIBA MAIS:
Memorial da Revolta de Trombas e Formoso

17.03.2021