CONCUBINATO E SUICÍDIO:
AGONIA DE UM EX-GOVERNADOR DE GOIÁS
Fernando Delgado Freire de Castilho foi governador colonial da Paraíba e de Goiás. Sua passagem pelo governo goiano durou onze anos: de 1809 a 1820. Nesse período, envolveu-se afetivamente com uma mulher e passaram a morar juntos, como se fossem casados. Mas o governador não cogitava casar-se oficialmente. Viver em concubinato não lhe causou nenhum problema. Era muito comum entre os goianos naquela época.
Em seu livro Viagem à Província de Goiás, o francês Auguste de Saint-Hilaire registrou uma frase dita por Freire de Castilho durante um jantar com vários convidados no palácio do governo, onde vivia com a amante e os filhos: "O senhor acha que eu poderia me casar com a mãe dessas crianças, com a filha de um carpinteiro?".
Após deixar o governo de Goiás, Freire de Castilho preparou-se para retornar a Portugal. A amante iria junto. Estavam já no Rio de Janeiro quando ela lhe impôs o casamento como condição para acompanhá-lo à Europa.
Diante dessa situação, o ex-governador foi tomado por um dilema tão atroz que perdeu "a lucidez de raciocínio" e "pôs fim à própria existência", como disse Saint-Hilaire.
Um suicídio que revela muito sobre as convenções sociais da época.
Auguste de Saint-Hilaire,
o viajante francês que escreveu sobre
a província de Goiás no século XIX.
SAIBA MAIS:
Viagem à Província de Goiás
Auguste de Saint-Hilaire
O autor viajou por várias províncias do Brasil de 1816 a 1822.
10.03.2021