PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 34)


OS COMUNISTAS, O ARCEBISPO E A
VITÓRIA DE COIMBRA BUENO EM 1947


O fim da Era Vargas, em outubro de 1945, deu início a um processo de redemocratização do Brasil que foi reafirmado e consolidado pela Assembleia Nacional Constituinte em 1946. Os Estados voltariam a ter autonomia e seus governadores seriam eleitos depois de vários anos. As eleições estaduais foram marcadas para o dia 19 de janeiro de 1947.

Em Goiás, a disputa foi entre José Ludovico de Almeida e Jerônimo Cunha Bueno.

José Ludovico era o candidato do PSD e representava o sistema que havia dominado Goiás durante a Era Vargas. A oposição àquele sistema lançou Coimbra Bueno, candidato da UDN com o apoio da Esquerda Democrática e de uma dissidência do PSD.

A disputa estava acirrada e quando o Partido Comunista do Brasil declarou apoio a José Ludovico, a Igreja Católica decidiu se posicionar também. Seis dias antes da eleição, o arcebispo de Goiás, Dom Emanuel Gomes de Oliveira, recomendou "a candidatura do Dr. Jerônimo Coimbra Bueno, que conosco comunga os ideais católicos". Foi uma recomendação decisiva.

Coimbra Bueno teve 51,15% dos votos. José Ludovico teve 48,85%. Apenas 2,30% de diferença. Sem o apoio declarado do arcebispo, o resultado talvez fosse outro.

Foi a única vez que a UDN governou Goiás. Depois de Jerônimo Coimbra Bueno, todos os governadores goianos foram do PSD (até o golpe de 1964).


Jerônimo Coimbra Bueno atuou como
urbanista na construção de Goiânia.


SAIBA MAIS:
História da UDN nas eleições em Goiás (1945-1966)
Clever Luiz Fernandes (UFG)

24.02.2021