DUAS GREVES DE FOME EM DEFESA
DO ESTADO DO TOCANTINS
Em 1985, o presidente José Sarney vetou dois projetos de lei (aprovados no Congresso Nacional) sobre a criação do Estado do Tocantins (norte de Goiás). Os defensores da criação do novo Estado ficaram indignados e dois parlamentares decidiram tomar uma decisão drástica: entraram em greve de fome.
Em Brasília, o deputado federal Siqueira Campos, reconhecido como um dos principais líderes da causa tocantinense, declarou que o veto do presidente Sarney era "uma trapaça" e, em 9 de dezembro de 1985, iniciou uma greve de fome nas dependências da Câmara dos Deputados.
Em Goiânia, no dia seguinte, o deputado estadual Totó Cavalcante entrou em greve de fome na Assembleia Legislativa de Goiás.
O protesto dos parlamentares durou alguns dias. Antes que algo mais grave acontecesse, o governo federal decidiu criar uma comissão para estudar a "Redivisão Territorial do País". No mesmo dia (13 de dezembro), Siqueira Campos (que já havia até vomitado suco gástrico) e Totó Cavalcante encerraram as greves.
Em 1986, a comissão de estudos sobre a "Redivisão Territorial" se colocou contra a criação do Estado do Tocantins, mas se mostrou favorável à criação do Território Federal do Tocantins. O movimento pela criação do Estado continuou e na Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988, finalmente, a proposta foi aprovada. O artigo 13 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias transformou a região norte de Goiás em uma nova unidade da Federação e determinou as providências para a sua estruturação política ainda em 1988.
Em 1º de junho de 1988, o plenário da Assembleia Constituinte
aprovou em primeiro turno os artigos das disposições transitórias.
Imediatamente, Siqueira Campos foi ao microfone e gritou:
Foi aprovado o Estado de Tocantins, graças a Deus e à Constituinte.
SAIBA MAIS:
O discurso autonomista do Tocantins
Maria do Espírito Santo Rosa Cavalcante (PUC-GO)
Editora da UCG - Edusp, 2003.
13.01.2021