PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 29)


OS DRAGÕES:
MILITARES EM GOIÁS NO SÉCULO XVIII


Em 1736, o conde de Sarzedas, governador colonial de São Paulo, recebeu ordem do rei de Portugal para viajar a Goiás e tratar de assuntos administrativos da região. Sarzedas foi acompanhado por um regimento dos Dragões de Cavalaria, que era tropa de primeira linha (permanente e sustentada pela administração colonial a serviço do rei). Esse regimento foi a primeira força militar de primeira linha a ser estacionada no território das minas dos goyazes.

O regimento dos Dragões, ao lidar com os goianos, se excedia. Em 1746, o ouvidor geral de Vila Boa enviou correspondência a Portugal reclamando dos abusos cometidos pelo capitão daquela tropa, Antônio de Sá Pereira. Os Dragões não tinham poder para prender civis, mas Sá Pereira, além de ordenar prisões, colocou civis presos ao tronco, como escravos. Segundo o ouvidor, a população local ficou escandalizada e indignada com aquilo.

Caiu sobre os habitantes de Vila Boa a obrigação de contribuir para a moradia dos Dragões. As reclamações eram muitas. A Câmara Municipal concordava com essas reclamações e tentou várias vezes extinguir a obrigação. Os Dragões reagiam a essas tentativas e pressionavam a Câmara de modo constrangedor. Aconteceu o que era esperado: aumentou ainda mais o mal estar entre os militares e a população.

Os Dragões tinham o dever de impôr a ordem, mas impuseram, acima de tudo, a sua autoridade. Fizeram isso de modo truculento e cometendo "descomposturas", como diziam os vilaboenses. Assim os agentes do Estado absoluto exerciam o poder no século XVIII.


As leis do período colonial determinavam o modo de agir dos militares.
No sertão goiano, essas leis eram pouco conhecidas e muito desrespeitadas.


SAIBA MAIS:
Dos corpos militares no território do ouro (Dissertação de Mestrado)
Diego Veloso Gomes (UFG)

20.01.2021