O SANTO QUE DETESTAVA ARMAS
FOI MILITAR EM GOIÁS
No século XVIII, o governador colonial da capitania de Goiás, Marcos de Noronha e Brito (o Conde dos Arcos), solicitou ao Conselho Ultramarino do Reino de Portugal que Santo Antônio fosse feito soldado das tropas sob o seu comando. Isso mesmo: Santo Antônio, o doutor eclesiástico canonizado em 1232.
O Conselho atendeu à solicitação.
Não era uma inovação goiana. Já acontecia desde séculos anteriores em Portugal e outros locais. Santo Antônio também foi militar na Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e outras capitanias. Em Angola também. Na capitania de São Paulo, chegou à patente de coronel.
Assim, o santo foi considerado um militar atuante em Goiás e fez jus ao merecido soldo. Mas como pagar o soldo a um santo? Quem passou a receber esse pagamento e a administrar os recursos foi o tesoureiro da Irmandade do Sacramento, que estava vinculada à igreja matriz de Sant'Anna, em Vila Boa.
O soldo foi pago pelo governo até o fim do período colonial. E continuou sendo pago mesmo depois da independência do Brasil. Apenas com a proclamação da República (1889), que separou o Estado e a Igreja Católica, o pagamento foi interrompido. Mas não foi uma interrupção imediata. Até 1907 ainda havia, no Brasil, pagamentos sendo efetuados ao santo nascido em Portugal.
O irônico é que Santo Antônio detestava armas. Preferia a palavra e a persuasão.
Santo Antônio de espada em punho.
(Imagem publicada pela BBC News Brasil)
SAIBA MAIS:
Santo Antônio: há 790 anos, morria o frade português (BBC News Brasil): LINK
26.01.2022