UM ESCRAVO AOS PRANTOS ABRAÇADO
AO CAIXÃO DE FÉLIX DE BULHÕES
Félix de Bulhões foi o maior abolicionista de Goiás. Desenvolveu intensa atividade em defesa da libertação dos escravos e ganhou até o apelido de Castro Alves goiano. Faleceu em 1887. Suicidou-se. Não viu a escravidão abolida. A Lei Áurea seria assinada pela Princesa Isabel apenas no ano seguinte.
O seu sepultamento foi acompanhado por quase todos os abolicionistas da capital goiana. A cena marcante daquele dia foi a de um escravo, chamado Luiz, que se jogou sobre o caixão, abraçou-o e lamentou, aos prantos, a morte do principal líder abolicionista da província. "Este escravo foi alforriado logo após o enterro por Filipe Batista e a loja maçônica libertou sua mulher Maria" (Maria Augusta de Santana Moraes, 1973).
Em seguida, todas as sociedades abolicionistas goianas se uniram para fundar a Confederação Abolicionista Félix de Bulhões, que foi a maior entidade antiescravista de Goiás. Além disso, a Confederação adotou ideias que, avançando além da libertação dos escravos, defendiam o seu direito a uma cidadania completa:
O abolicionismo não se limita a libertar o trabalhador escravo da tirania senhorial, vai além, quer emancipa-lo ao domínio da
ignorância e dos preconceitos, em que a escravidão o lançou; o
abolicionismo procura converter o escravo em operário, e o operário em cidadão. (1887)
Em março de 1888, quando o falecimento de Félix de Bulhões completou um ano, o movimento abolicionista alforriou os últimos escravos da cidade de Goiás. Algumas semanas depois, foi sancionada a lei que declarava ilegal e extinta a escravidão no Brasil.
Félix de Bulhões, poeta engajado, abolicionista militante e
intelectual de ideias intensas, se suicidou aos 41 anos de idade.
Félix de Bulhões ajudou a fundar alguns jornais.
O Goyaz, que existe até hoje, foi um deles.
SAIBA MAIS:
O abolicionismo em Goiás
Maria Augusta de Santana Moraes
13.01.2022