INDÍGENA MANSO CONTRA INDÍGENA SELVAGEM.
E QUANDO OS BOROROS DISSERAM NÃO AO SEU CHEFE E DONO.
Para lutar contra os indígenas que resistiam à colonização portuguesa, quais os melhores soldados? Outros indígenas. Os colonizadores perceberam isso rapidamente. O uso de indígenas "mansos" contra os "selvagens" ou "bárbaros" foi frequente. Em Goiás, no século XVIII, foi assim também.
Marcos de Noronha, o primeiro governador colonial de Goiás, escreveu com franqueza ao rei na década de 1740: "é impossível o fazer guerra ao índio bárbaro, sem que esta seja com índios mansos".
Esses soldados indígenas apresentavam notáveis vantagens econômicas. Evitava-se o gasto com armas e munições, pois o indígena "manso" usava seu próprio arco e suas próprias flechas. E consumiam o que conseguiam extrair do próprio sertão. Não era preciso fazer gastos para alimentá-los.
Mas os "mansos" podiam, às vezes, criar dificuldades. O sertanista Antônio Pires de Campos, após massacrar os kaiapós no sul de Goiás, foi contratado por colonos portugueses para fazer o mesmo em localidades mais ao norte. Ao saber do combinado, os bororos, que formavam o pequeno exército indígena de Pires de Campos, não quiseram seguir naquela jornada. O contrato foi desfeito.
Eram escravos. Mas naquela ocasião, a vontade dos bororos prevaleceu.
Desenho de indígena bororo
(Hercule Florence, séc. XIX)
SAIBA MAIS:
Os primeiros aldeamentos na província de Goiás: Bororo e Kaiapó na Estrada do Anhanguera
Oswaldo Martins Ravagnani (UNESP)
Link: Artigo
08.09.2021