PEDACINHOS DA HISTÓRIA GOIANA (n. 21)


O VICE-REI QUE REPREENDEU A CÂMARA DE VILA BOA


João Manoel de Melo foi governador colonial de Goiás por 11 anos. Em março de 1770, faleceu. Os goianos, repentinamente, se viram sem governo.

Uma assembleia, convocada pela Câmara Municipal de Vila Boa, decidiu eleger uma junta de governo provisória, formada por três cidadãos. Entre os presentes, havia 46 autoridades que puderam votar. Os escolhidos foram Antônio José Cabral de Almeida (ouvidor-geral), Antônio Thomas da Costa (militar) e Damião José de Sá Pereira (militar). Em seguida, foram enviadas correspondências para anunciar a constituição do novo governo goiano.

A notícia chegou ao Rio de Janeiro e deixou insatisfeito o marquês do Lavradio, que era o vice-rei do Estado do Brasil. Ele condenou com veemência a decisão tomada pela assembleia e repreendeu a Câmara Municipal. Deveriam ter esperado, em sua opinião. O vice-rei decidiu nomear um governador interino para Goiás e o enviou para Vila Boa. O nomeado foi Antônio Carlos Furtado de Mendonça.

Furtado de Mendonça chegou a Vila Boa em agosto de 1770 (cinco meses depois do falecimento de João Manoel de Melo e da assembleia que elegeu a junta de governo provisória). Era uma autoridade mal vista pelos vilaboenses, que consideraram desrespeitosa a reprimenda dada pelo vice-rei à Câmara Municipal. Mesmo assim, Furtado de Mendonça continuou como governador interino até julho de 1772. Foi substituído por José de Almeida Soveral e Carvalho.

O rei de Portugal, ao contrário do vice-rei, não condenou a decisão de formar a junta de governo provisória. A Câmara de Vila Boa podia se orgulhar disso. E podia dizer que quem realmente merecia uma reprimenda era o vice-rei. 


Luís de Almeida Portugal Soares d'Eça
Alarcão de Melo e Silva Mascarenhas
(Marquês do Lavradio)
Vice-Rei do Estado do Brasil de 1769 a 1779


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Fernando Lobo Lemes

25.11.2020