O CINCO DE MARÇO: SÍMBOLO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL GOIANO
Em 5 de março de 1959, os estudantes de Goiânia promoveram uma manifestação contra o aumento da anuidade escolar. Concentraram-se na Praça do Bandeirante. A polícia chegou ao local e o comandante decidiu intervir de modo brusco: exigiu o fim da manifestação em cinco minutos. Segundo um dos manifestantes, houve tentativa de negociação: "Dissemos que cinco minutos era pouco, que podíamos dialogar, conversar. Ele disse que não tinha conversa e que era para avisar o restante das pessoas". Em seguida, tiros começaram a ser disparados. Alguns manifestantes foram atingidos e ficaram com os seus corpos cobertos de sangue. Seus colegas lhes carregaram pelas ruas da cidade.
A imprensa condenou a truculência policial e os estudantes culparam o secretário de Segurança Pública, Tales Reis. No dia seguinte, uma nova manifestação foi realizada em frente ao Palácio das Esmeraldas.
O governador de Goiás, José Feliciano Ferreira, saiu do palácio e fez um discurso. Disse que também condenava a violência policial do dia anterior. E tomou uma decisão inesperada:
Ele assinou na hora, na nossa presença, a demissão do secretário
de Segurança Pública. Falou ainda que nós é que íamos indicar o novo
secretário. Indicamos Reinaldo Baiocchi, que foi o secretário de Segurança
Pública nesse período. (Elio Cabral de Souza)
O 5 de março, assim, se tornou um símbolo do movimento estudantil goiano.
O Jornal de Notícias, de Alfredo Nasser, atacou duramente o
governador após a repressão policial contra os estudantes:
Feliciano como ele é: insensato e sanguinário.
SAIBA MAIS:
Jornal de Notícias. 6 de março de 1959 (n. 440).
As citações foram extraídas da obra Memórias transcritas - depoimentos, organizada por Célia Maria Alves e Vera Côrtes (disponível na internet).
28.10.2020